A importância de cuidar, preservar e democratizar as águas do mundo

No Dia Mundial da Água (22 de março), lembramos que a água é um direito humano e democratizar o acesso é fundamental para que possamos ter vida com dignidade para todas as pessoas

O tema escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para o Dia Mundial da Água em 2024 é Água para a paz, chamando atenção para as tensões e conflitos relacionados a esse elemento da natureza indispensável à vida. O chamamento também vai no sentido de lançar luz na importância do trabalho conjunto entre países para a conservar a água e para compartilhar rios, lagos e aquíferos.

De acordo com a ONU, mais de 3 bilhões de pessoas em todo o mundo dependem de água que atravessa fronteiras nacionais. No entanto, dos 153 países que dividem rios, lagos e aquíferos com nações vizinhas, apenas 24 reportam manter acordos de cooperação para o uso dessa água compartilhada.

A água é um bem limitado na natureza e, nas últimas décadas, a procura por esse bem se intensificou. Fatores como o aumento da população e, sobretudo, os modelos de desenvolvimento que concentram recursos e riquezas e que impelem uma lógica consumista e imediatista, aliados aos impactos trazidos pelas mudanças climáticas, resultado desses mesmos modelos, acentuam essa demanda.

No Brasil, cerca de 33 milhões de pessoas vivem sem acesso à água potável, é o que apontam dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento em 2022 . Esse número ganha contornos próprios, em função das características de quantidade e qualidade da água, além da condição de vulnerabilização das populações. Mesmo em grandes centros urbanos, situados em regiões de clima tropical, há escassez de água para as pessoas mais pobres.

Pensar de maneira mais abrangente o tema da água requer considerar que sua proteção depende diretamente da existência de ecossistemas saudáveis e isso tem relação direta com a neutralidade da degradação da terra. Esse é um tema estratégico para o Brasil como um todo, mas em particular para as chamadas terras secas, aquelas de clima árido semiárido e subúmido seco, que são as áreas suscetíveis à desertificação e às secas.