No Maranhão, discussões ressaltam a coletividade e a importância de pensar políticas públicas junto das pessoas

8 de Abril de 2024 às 19:04

Banhado pelas chuvas maranhenses, o quarto encontro do PAB reuniu grupo para discutir e construir coletivamente propostas para o Plano Nacional

Seminário Maranhão

Participantes do Seminário de Atualização do PAB em São Luís (MA). Foto: Aretha Ramos/Escola de Governo do Maranhão

O quarto destino das discussões para a atualização e construção do PAB foi a Escola de Governo do Maranhão (Egma), localizada na capital maranhense, São Luís. O encontro, que aconteceu entre os dias 26 e 27 de março, reuniu representantes de setores governamentais das diferentes esferas, pesquisadoras e pesquisadores, professoras e professores, movimentos sociais e representantes da sociedade civil. Tudo isso em uma perspectiva de construção coletiva das propostas que transmitam a diversidade e a pluralidade de vozes e complexidades do Maranhão.

As discussões giraram em torno das experiências pessoais, das comunidades e territórios das pessoas participantes. Logo no primeiro dia essas vivências vieram à tona durante a exposição dos cenários nacional e local. O professor, pesquisador e membro da coordenação do PAB, Aldrin Martin Perez-Marin apresentou a conjuntura nacional, os avanços e retrocessos dos 20 anos desde a construção do Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAN Brasil), em 2004. Uma fala que se repete a cada seminário, e que se fortalece com as histórias compartilhadas que mostram que o cenário nacional e o cenário regional andam lado a lado.

Edna Rodrigues, membro da coordenação estadual da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) no Maranhão, destaca a importância das pessoas se fortalecerem e andarem juntas: “reunir essas organizações é de fundamental importância que as pessoas comecem a participar de associações” e coletivos. Isso, segundo Edna, fortalece as lutas e engaja novas pessoas.

Histórias que puxam o segundo momento, onde o professor, pesquisador e membro da coordenação do PAB, John Cunha, apresentou mapas e contextualizou através de dados como se encontra o Maranhão hoje. Mapas sobre densidade populacional, PIB (Produto Interno Bruto) das cidades maranhenses, bacias hídricas, quantidades de cisternas e de beneficiários de programas governamentais, como o bolsa família.

Enquanto os slides passavam na apresentação e John nos contava, a partir de uma visão mais pragmática, mãos se levantavam na plateia. Mãos cobertas de diferentes vivências e visões de mundo muito parecidas, pautadas no bem viver, na agroecologia e na coletividade sinalizavam que vozes estavam prontas para falar e complementar. Para John, o momento foi importante porque possibilitou a inclusão das pessoas na apresentação sobre o território: “nenhum especialista conseguiria trazer uma visão adequada ao que está acontecendo no território melhor do que as pessoas que vivenciam e estão lá sofrendo com o processo de degradação dos solos, com os efeitos da seca”. “Você escuta relatos fantásticos, as pessoas se sentem motivadas a irem contextualizar o que está acontecendo”, complementa.

Para encerrar o primeiro dia, o grupo foi dividido para que cada coletivo menor pudesse conhecer e interagir com três experiências exitosas, em carrossel.

A ideia das exposições e falas feitas no primeiro dia de seminário é subsidiar os trabalhos de grupo do segundo dia de encontro. Trabalhos que pensam eixo a eixo a construção do PAB: Governança e Fortalecimento Institucional (Eixo 1); Gestão da Informação, Pesquisa e Inovação (Eixo 2); Melhoria das Condições de Vida da População Afetada (Eixo 3); Gestão Sustentável para Neutralização da Degradação da Terra (Eixo 4); e Mitigação dos Efeitos da Seca (Eixo 5).

Seminário MA

Foto: Aretha Ramos/Escola de Governo do Maranhão

Caminhos para o futuro

Olhar para as populações, comunidades e pensar coletivamente é o desejo maranhense para a construção do PAB. João Batista, integrante da Fórum Carajás, diz que pensar as ideias para o Brasil foi difícil — e não só pensar, propor metas e indicadores, uma vez que o Brasil é um país continental e temos grande capacidade de capilarização de políticas públicas. Para João, o Brasil pode mais do que estamos propondo, mas acredita que temos que ir com cautela.

Maria Regina Ferraz, do Quilombo Jaguaruna, em Colinas (MA) destacou a “importância de participar do futuro do nosso país”, enquanto Tarciana, do Coletivo Crespos Cacheados, falou sobre o que mais a marcou: “o quanto o Maranhão é potente e o quanto podemos, em coletivo, construir o bem viver para a comunidade”.