Paraíba dá início à construção do PAB

19 de Março de 2024 às 17:23

Primeiro de uma série de seminários estaduais aconteceu nos dias 06 e 07 de março no Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido, localizado no campus da UFGC em Sumé

Ciranda Seminário PB

Percebemos nos últimos anos um rápido avanço nas mudanças climáticas, que afetam todo o ecossistema terrestre, desde o ar até as plantas, as pessoas, as águas, as florestas. Mas no meio de toda a vida na Terra, um elemento fundamental — e pouco visto — é o solo. Ele é o recurso que sustenta e permite que a vida floresça.

Aliado às mudanças do clima, o desenvolvimento baseado no extrativismo (prática econômica que consiste na retirada de bens da natureza para serem utilizados como matérias-primas) tem enormes impactos. Entre eles, o desmatamento e a concentração de terras.

É nesse cenário que governos e sociedade civil deram início à atualização e construção do Plano de Ação Brasileiro de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAB). Instrumento que, quando pronto, deve fornecer diretrizes de ação e responsabilidades dos governos, da sociedade civil e do setor empresarial. O local escolhido para sediar o primeiro seminário de construção participativa do PAB foi o Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido (CDSA), no campus da Universidade Federal de Campina Grande, em Sumé, onde nos dias 06 e 07 de maço, 70 pessoas estiveram reunidas.

Este marca o início de uma série de catorze encontros que acontecerão até junho, sendo dez encontros estaduais em nove estados do Nordeste e em Minas Gerais; e quatro encontros regionais (regiões Norte, Centro-Oeste, Sudeste e Sul), que culminarão em um seminário nacional em Alagoas, em junho.

A programação dos seminários estaduais possui um fio condutor em comum: é necessário ter, em um primeiro momento, compreensão do que aconteceu nos 20 anos que abrangem a construção do Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAN Brasil), os avanços e retrocessos que aconteceram e ter um panorama nacional sobre a degradação do solo, as secas e os processos de desertificação e aridização. Em seguida, a ideia é entrar no território do estado. Para isso, uma pessoa pesquisadora é convidada para fazer essa exposição, com propósito de comparar 2004 e 2024 e subsidiar as discussões em grupo que acontecem na sequência. As participantes e os participantes puderam, ainda, conhecer três experiências exitosas que se relacionam com as temáticas trabalhadas pelo PAB.

Seminário PB - fala prof. Bartolomeu Israel de Souza (UFPB)

Paraíba

O primeiro encontro teve participação ativa e crítica da sociedade civil, movimentos sociais, povos indígenas e comunidades tradicionais, pesquisadores e representantes dos governos federal e estadual.

Em plenária, foram várias as falas que vão ao encontro das exposições de Aldrin Perez-Marin, pesquisador do Instituto Nacional do Semiárido (INSA) e membro da coordenação do PAB, que trouxe um balanço dos 20 anos passados desde a elaboração do PAN Brasil, em 2004.

Segundo o pesquisador, é importante olhar para dois momentos que são marcos: a visão de um semiárido estigmatizado e associado à miséria, com predominância de políticas de combate à seca; e a outra de um semiárido rico e com base na convivência com o semiárido. Ainda que avanços sejam necessários, em especial no tocante ao acesso à terra, água e aos meios de produção, Aldrin aponta a agroecologia como processo prático e científico de transformação social em contraponto ao modelo neoliberalista vigente.

É importante salientar que os 20 anos que abrangem o PAN Brasil foram de avanços em políticas públicas socioambientais, climáticas e econômicas. Dentre as ações, podemos listar os programas sociais criados e fortalecidos ao longo dos anos, como o Bolsa Família, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Programa Universidade Para Todos (ProUni) e a criação da Lei N° 13.153, que estabelece a Política Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PNCD).

Apresentação panorama PAN Brasil: políticas públicas

Nesse processo, as Áreas Suscetíveis à Desertificação (ASD) aumentaram. O clima e as mudanças climáticas impactaram e comprometeram maiores avanços nas temáticas de preservação, conservação e manejo dos sustentável dos recursos naturais.

Além disso, a presença do poder público no seminário representou o diálogo necessário e importante entre os diversos agentes estaduais. Representantes da Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) estiveram presentes para apresentar ações de conservação e recuperação de áreas afetadas realizadas pelo Governo. Também levaram a experiência exitosa do Parque Estadual Serra da Santa Catarina, uma Unidade de Conservação do bioma caatinga.

Para finalizar os dois dias de diálogo, foram realizados trabalhos em grupos, onde as e os participantes construíram, em coletivo, propostas com indicadores, metas e entregas para cada um dos cinco eixos de trabalho do PAB: Governança e Fortalecimento Institucional (Eixo 1); Gestão da Informação, Pesquisa e Inovação (Eixo 2); Melhoria das Condições de Vida da População Afetada (Eixo 3); Gestão Sustentável para Neutralização da Degradação da Terra (Eixo 4); e Mitigação dos Efeitos da Seca (Eixo 5).

Os resultados dos trabalhos serão reunidos com as discussões de todos os seminários estaduais e regionais para compor o documento do Plano de Ação Brasileiro de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAB), que deve ser apresentado no dia 17 de junho, quando é celebrado o dia mundial do Combate à Seca e à Desertificação.

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